Considerações estratégicas por trás do plano de tarifas

Recentemente, uma proposta de "tarifas recíprocas" que provocou volatilidade nos mercados globais chamou a atenção. A forma como este plano foi introduzido é bastante controversa, e a lógica e os objetivos por trás dele também geraram muitas especulações.

A forma de cálculo deste plano parece simples: dividir o superávit comercial que os principais parceiros comerciais tiveram com os Estados Unidos no ano passado pelo total das suas exportações de bens e, em seguida, dividir por dois, resultando na chamada taxa de imposto "equivalente". No entanto, por trás deste método de cálculo aparentemente arbitrário, podem estar ocultas considerações estratégicas mais profundas.

Atualmente, há divergências na percepção do mercado sobre este plano tarifário. Uma opinião considera que se trata de uma política nacional a longo prazo, destinada a mudar o panorama do comércio global, podendo levar os Estados Unidos a um isolamento, afetando negativamente a economia global a longo prazo. Outra opinião vê isso como uma estratégia de negociação, destinada a obter mais benefícios na disputa com parceiros comerciais e grandes empresas.

Apesar de os proponentes do plano terem enfatizado várias vezes a importância da política tarifária durante a campanha e o exercício do poder, descrevendo-a como um meio de promover o retorno da manufatura e apresentando-a como um compromisso político com determinados grupos de eleitores, há opiniões que sustentam que as tarifas podem ser apenas uma moeda de troca nas negociações, e que seus objetivos finais podem incluir:

1. Aumentar os pedidos no exterior, como incentivar outros países a comprar mais produtos americanos.
2. Criar mais oportunidades de emprego locais, atraindo grandes empresas a investir e construir fábricas nos Estados Unidos.
3. Conter de forma razoável os concorrentes, forçando alguns países a entrar na aliança, bloqueando ainda mais determinados países.

Além disso, as flutuações de mercado resultantes da política tarifária podem ter um impacto indireto na política monetária, exercendo pressão sobre os decisores.

No entanto, a probabilidade de as tarifas aduaneiras serem adotadas como uma política nacional de longo prazo é baixa. Considerando as eleições intercalares que se aproximam no próximo ano, as tarifas altas a longo prazo podem levar a uma recessão económica, queda do mercado de ações e aumento da inflação, o que pode afetar a posição do partido no poder no Congresso, enfraquecendo assim a sua capacidade de governar nos próximos dois anos.

É importante notar que, menos de uma semana após o anúncio do plano tarifário, com o contato e negociações com vários países, a atitude das partes relevantes em relação às tarifas começou a se suavizar. O diretor do Conselho Nacional de Economia dos EUA afirmou que mais de 50 países já iniciaram negociações comerciais. Um consultor de comércio dos EUA também apontou que os EUA estão buscando reduzir tarifas e barreiras não tarifárias.

Apesar disso, podem surgir imprevistos durante o processo de negociação. Por exemplo, as negociações com parceiros comerciais principais (como a União Europeia e a China) podem não correr bem, podendo até levar a uma escalada de conflitos a curto prazo. No entanto, considerando que a maioria dos países pode negociar ativamente com os Estados Unidos, a probabilidade de uma deterioração geral da situação não é alta.

Para os formuladores de políticas, obter mais "realizações" antes das eleições de meio de mandato no próximo ano continua a ser uma tarefa central. Uma taxa de inflação muito alta e a volatilidade do mercado de ações podem afetar sua governança na segunda metade do mandato. Portanto, concluir as negociações o mais cedo possível é mais vantajoso para eles.

Como criadores de incerteza, os formuladores de políticas também desejam eliminar a incerteza antes das eleições de meio de mandato do próximo ano, a fim de garantir os seus interesses políticos.